Se você acompanha as novidades que surgem por aí, provavelmente já ouviu falar dos NFTs ou Non-Fungible Tokens (Tokens não fungíveis, em tradução livre), que são ativos de blockchain criados para não serem iguais. Ou seja, são diferentes dos bitcoins porque não podem ser intercambiados mutuamente.
Fazendo uma boa analogia, é semelhante a um ingresso de cinema, pois trata-se de uma entrada para um filme específico, em um local e um horário determinados, tornando-se um item não fungível. Por essa razão, a posse de NFTs proporciona segurança e conveniência porque é voltada para um ativo específico, com um valor determinado.
Já existem analistas que afirmam que os NFTs em breve vão aposentar os bitcoins por serem potencialmente muito mais rentáveis. E esses novos tokens estão chegando aos poucos: no momento, têm sido mais utilizados no mercado da arte e dos games. Mas os investidores já olham para os NFTs com mais atenção. Por isso, é importante refletir sobre como a novidade pode impactar o varejo.
Hoje, os NFTs são utilizados basicamente para investimento. Seu valor flutua com a demanda do item ao qual o token está vinculado. As pessoas compram, trocam e vendem NFTs como fariam com ações na bolsa, mas não será assim para sempre.
Existem muitos caminhos diferentes para empresas explorarem os NFTs. Neste artigo, o empreendedor norte-americano Mark Cuban descreve o cenário atual como se fosse o “velho oeste”. “Mundos financiados por blockchain estão amadurecendo para as oportunidades. Agora é o momento de construir as estruturas de NFT e de encontrar o público da sua marca na web descentralizada”, afirma.
Mas e o varejo? Bem, ainda que estejamos em um momento inicial, já dá para antever algumas oportunidades. Artigos de luxo parecem formar um par perfeito com os NFTs. Ambos compartilham muitos atributos, como a escassez e um preço que normalmente é composto pelo valor intangível desses artigos.
Marcas como Gucci e Louis Vuitton já estão realizando experimentos de venda de itens virtuais, e há rumores de que em breve devam lançar seus NFTs. Para marcas varejistas, o sucesso nesse campo vai depender muito da familiaridade de seus públicos com artigos virtuais. E também vai depender da habilidade de criarem uma experiência de compra online que seja realmente única.
Já empresas de bens de consumo não duráveis podem usar NFTs para alavancar o engajamento digital dos clientes. Bons exemplos são a Pringles e a Taco Bell, que, nos EUA, têm utilizado alguns NFTs para promover suas marcas e produtos a audiências mais jovens.
Há ainda o comércio descentralizado, que consiste em um ótimo exemplo de como os NFTs favorecem marcas varejistas. Porque os ativos podem ser usados para transformar produtos físicos em tokens, de modo a reduzir custos de transação e riscos de arbitragem ao desviar de intermediários como Amazon e Alibaba.
Por exemplo: uma marca de vestuário poderia transformar em token a propriedade de um traje de banho e vender esse token (a posse do traje de banho) para qualquer consumidor ou revendedor. O comprador, então, pode escolher entre resgatar o token e receber o traje de banho, ou revendê-lo, caso esteja autorizado a isso.
Por mais que o cenário seja bastante promissor, há algumas questões em torno dos NFTs que precisam ser consideradas. Uma delas é a sustentabilidade. O impacto ambiental dessas transações é alto em termos de gasto energético.